O que só você viu, Rafael

Eu tenho, há muitos anos, um amigo, que quando soube que eu cursaria jornalismo, me disse que um dia desses ainda ouviria no rádio: E aí, o que só você viu, Rafael Andrade? Pois é, ele achava que dado o meu interesse por futebol era óbvio que eu viraria um dos trepidantes da rádio Globo. Para quem é de SP, ou de qualquer outro lugar da galáxia e costuma ler o blog, explico, trepidantes são aqueles caras que trabalham para as rádios e ficam atrás do gol de olho no jogo e comentando os lances para os narradores. Pois é, essas são as fotos que por um monte de motivos ou não foram publicadas ou foram mal publicadas pela Folha.

De cima para baixo, moradores do vilarejo japonês de Hamamatsu soltam pipa em Copacabana durante a visita do príncipe Naruhito; eleições do PMDB no Rio, o acaso reúne na foto Cabral Garotinho e Eduardo Paes, o candidato do partido à prefeitura do Rio; crianças soltam pipa no alto do morro da providência; soldado no alto da mesma comunidade antes da retirada da forças armadas da favela; visita do ministro Nelson Jobim à associação de moradores da comunidade; a torcida do Flamengo antes de um jogo contra o São Paulo pelo Campeonato Brasileiro 2008, e o técnico Renato Gaúcho um dia antes da decisão contra a LDU pela libertadores 2008.

E fim de papo.

Fotos: Rafael Andrade / Folha Imagem

Sobrenatural de Almeida

O trabalho de um fotojornalista hoje em dia é dividido em três partes. Se pautar, fotografar e transmitir. Além disso é possível também acrescentar nesta lista tratar as imagens. Como em geral eu transmito sem tratamento, para diminuir o tempo que leva a foto até a redação e também porque o jornal paga pessoas para tratar as imagens antes da impressão no papel, posso dividir o meu trabalho em três partes apenas.

Destas três fases, a última delas é sem dúvida a mais crucial. Não adianta estar no local, fotografar bem e não conseguir transmitir em tempo hábil para a publicação. Como se diz foto boa é foto publicada.

Na última quarta feira, o Fluminense enfrentou a LDU no Maracanã pela Copa Libertadores. Cheguei o mais cedo que pude, deixei as coisas mais prontas o possível, legendas, abri o ftp, liguei os programas de edição, limpei cartões e fotografei. No entanto, na hora de transmitir a placa que permite conexão com a internet falhou miseravelmente. Mesmo passando as fotos em tamanho pequeno e uma de cada vez, a transmissão estava horrível e quando o jogo terminou e o jornal estava fechando, o acesso a internet parou de funcionar de vez.

Resultado, eu tinha bom material para compor a edição e a primeira página mas não consegui fazer com que as imagens fossem para a redação. Ou seja, o jornal saiu cheio de fotos da Reuters, da agência O Globo...

Mais uma lição aprendida, gafanhoto.

Fotos: Rafael Andrade / Folha Imagem