sábado, 23 de junho de 2007

Sempre Alerta


Tenho um camarada que sempre fala que o que ele realmente gosta é de nas grandes coberturas fazer aquela imagem que deixa todo mundo para trás. E acho que quase todo fotojornalista pensa assim.

Mas esta profissão se faz em geral de solidão, silêncios e paciência. As grandes coberturas não acontecem todos os dias, nem se participa de todas que estão rolando. Boa parte do tempo trabalhamos sem coleguinhas e competição em cima de um assunto. Nessa hora, tem uma qualidade que um bom profissional deve fazer aparecer. É o que alguns chamam de "trazer a foto". É a capacidade de num "vôo solo" trazer para a redação aquela imagem que não é esperada. Aquelas fotos que surpreendem porque ninguém achou que o que você estava fazendo ia dar em algo.

Essa capacidade se desenvolve com o tempo, mas requer sobretudo a concentração, paciência e devoção ao que se faz. Nas grandes coberturas é uma capacidade pouco desenvolvida porque em geral há um clima de competitividade e tensão causado pelo assunto e pela quantidade de coleguinhas envolvidos, que além de inibir, mantém o pato novo sempre de olho na água.

Gosto muito desta foto que posto agora. Porque faz parte de uma operação de recolhimento de menores que a gente pôde acompanhar e que deu um bom resultado em termos de imagem. É aquele dia onde nem você acredita nas fotos que fez. É nestas horas que você chega na redação e o chefe te dá aquele tapinha nas costas, sorri e te fala: "então, tem um bonequinho ali em madureira para economia duas horas depois do fim do teu horário... Faz lá prá gente..."

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Ludopédio

o
Todo mundo fala que o fotojornalismo morreu na era da TV. Que a era de ouro da fotografia noticiosa ficou para trás. Besteira. Em certas áreas do jornalismo, foto ainda é muito mais legal que imagem em movimento. Por que? Pensa nas transmissões de futebol na TV. Em geral, as imagens mais legais são aquelas em câmera lenta, mais fechadas, que mostram coisas que o "olho nu" percebe pouco. O suor voando do corpo do atleta na hora da cabeçada, a dividida ríspida em que pedaços de grama voam para todos os lados.

No entanto, o mais legal da fotografia de esportes é justamente o mais difícil. É quando se consegue capturar, congelar, aquele momento breve entre os movimentos cada vez mais rápidos dos jogadores. E confesso essa é uma área que eu ainda quero trabalhar melhor. Mas enquanto seu lobo não vem publico esse lance do Flamengo e Potosi pela Libertadores da América.


Foto: Rafael Andrade / Agência O Globo