quinta-feira, 31 de maio de 2007

Cortando




Em geral, publicar foto em jornal é um desafio grande. Em primeiro lugar porque o espaço na página é um ser que está em constante mutação de tamanho. No começo do planejamento de uma página de uma seção qualquer de um jornal, mesmo que seja uma edição dominical, que em geral é fechada com alguma antecedência, há o branco primordial. Centímetros e mais Centímetros quadrados de papel em branco que podem ser preenchido de diversas formas. Com o passar do tempo, no processo de diagramação e de edição, o espaço muda de forma. Surge um anúncio pequenino, daqui a pouco descobre-se que tem que entrar mais uma matéria naquele espaço que antes cabia apenas uma reportagem, e o espaço que antes era teritório selvagem, não branco como a neve, mas branco cheio de possibilidades, vai ficando com uma cara mais ou menos definida. Neste ponto, do modo como o jornal é composto hoje em dia, é que o fotógrafo dança. Depois de plantonear dez horas na porta da polícia federal, ou na explanada dos ministérios em busca da foto tão esperada, é na redação que a verdade vem à tona. Não há espaço na página. Com isso, um sem número de fotos arduamente compostas e preparadas para o jornal nunca chega a manchar a página. A Folha de SP, para quem vez por outra eu presto serviços, costuma resolver a questão do espaço com uma ferramenta interessante: o corte. Se o espaço é menor que o tamanho da foto ou se "eles"acham que há porque mudar algo na foto que foi escolhida para ir para a página "eles" dão um corte na foto. Os resultados são os mais variados, mas em geral, além de permitir que se publique fotos nos espaços mais apertados ainda dá uma cara "muderna" ao jornal. Mais vale pássaro na mão que dois voando? As vezes sim. Não sei se publicar meia foto é melhor que publicar uma foto inteira, mas não ver a foto na página também não é bacana.


Foto: Rafael Andrade /Folha Imagem

domingo, 27 de maio de 2007

Hora certa Lugar Certo


Hoje vou desdizer aquilo que eu já disse antes. Em jornalismo, 90% das vezes o importante é estar no lugar certo na hora certa. E mais importante, paciência e calma tem que caminha juntas. Desespero, impaciência e nervosismo acabam com a chance de qualquer um fazer um bom trabalho. Na última sexta, fui fazer um enterro para o Extra. No fim da pauta, quando voltava para a redação chateado pelas fotos que fiz, achava tudo muito poluído, muito registro e pouca foto, como se diz, passando pela Avenida Brasil, um ônibus entrou dentro de um posto de gasolina e se acabou numa parede. Vi o acidente na pista do sentido contrário ao que ia e pedi ao motorista que parasse onde desse para fazer um registro. Quando atravessei as pistas e cheguei ao veículo vi que o motorista era auxiliado pelos bombeiros pois estava preso nas ferragens. A Avenida Brasil parada por causa do acidente. Se tivesse saído um pouco antes do cemitério talvez passasse após o acidente. Se saísse depois, talvez só chegasse quando o motorista fosse retirado. Por sorte, saímos do cemitério em sincronia com os eventos do acidente e chegamos poucos minutos após o ônibus colidir. Antes do Extra o único coleguinha a chegar no local foi a Folha de SP. O Globo chegou cerca de 50 minutos depois de nós. O Dia mais tempo ainda. O JB eu nem vi, mas acho que chegou depois que o motorista foi tirado. E nenhuma das redações e suas escutas têm culpa disso. Em jornalsmo, muitas vezes, depende-se tanto da sorte como da paciência. Sorte para estar no lugar certo na hora certa. Paciência para se manter atento até a sorte chegar.

Foto: Rafael Andrade / Agência O Globo