Tem duas coisas que quase todos que me conhecem perguntam sobre o trabalho que faço. Uma, porque se faz tanto enterro em jornal? Duas, como são os tiroteios aqui na cidade maravilhosa??
Há uns meses atrás quando fui conhecer a nave mãe, a primeira coisa que os colegas lá de SP comentavam era: e aqueles tiroteios, lá no Rio, hein? Que brabeira.
Sobre os enterros, na minha visão é que para os jornais é uma forma de continuar um noticiário em cima de uma notícia, em geral de violência, como por exemplo os enterros das vítimas de balas perdidas aqui no Rio. O sofrimento, a dor, o desespero são informações que os jornais não podem desprezar. Longe de levantar bandeiras, mas também de não ser tão isento, a gente acaba se perguntando o tempo todo se entrar numa situação tão dolorida e íntima tem um fim que justifique a intromissão.
Sobre os tiroteios, cito uma grande fotojornalista aqui do Rio: tiroteio não dá foto. Em primeiro, porque foto não tem som. Segundo porque em geral nos tiroteios estamos limitados: não prá se mexer muito, você precisa se abrigar e escolher rapidamente o local em que vai conseguir tanto ver a ação quanto estar de alguma forma seguro. O que em geral dá foto é o que cerca o conflito. Pessoas se abrigando, se jogando no chão, se alguém se fere.
Mas é óbvio, há muito risco envolvido, há sempre a insegurança e a incapacidade de confiar na polícia. Nos bandidos, nesses então nem se fala. E talvez por isso, sejam das situações de trabalho das mais tensas e complicadas.
Muitas vezes, como nas foto deste post, acompanhamos policiais realizando buscas em comunidades. Se cercam uma casa por exemplo, onde acham que há um traficante, pode ter certeza, é das situações mais tensas que há. Porque você sabe que está na iminência de um conflito com gente atirando em todas as direções. Colete e sorte ajudam. Mas prevenir-se e procurar o lugar em que mais se vê a ação e se está melhor coberto é o fundamental.
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