quinta-feira, 24 de maio de 2007

Silhuetas


Umas das coisas mais legais do fotojornalismo, além dos salários nababescos, das mordomias, das mulheres aos pés e do respeito profissional que se desfruta em qualquer lugar que se chega, é que a gente vai a lugares, vê e faz coisas que as outras pessoas têm pouca chance tem de conhecer. Ok, não é o caso da barca Rio-Paquetá, onde esta foto foi feita. Mas é questão de preferência. Fico muito feliz de chegar no jornal onde estou trabalhando e receber a notícia do repórter ou do editor que vamos à Paquetá. Ou ao Lixão de Gramaxo. Ou a Bangu 4. Essa chance de todo dia ir a um lugar diferente, ver pessoas que não têm o mesmo cotidiano que o meu, ser um estranho em lugares que não conheço, não ficar fechado dentro de um escritório enquanto a vida rola lá fora, me dá imensa alegria. Dá uma dimensão inacreditável ao mundo. Acaba com a idéia de que o buraco na rua do Leblon é assunto de primeira página. Porque embora o cliente tenha sempre razão, é importante mostrar que o último limite do município do Rio não é o aeroporto internacional.


Foto: Rafael Andrade / Agência O Globo

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